quinta-feira, 2 de abril de 2009

Humanismo - Introdução

O Humanismo marca a transição de um Portugal caracterizado por valores puramente medievais para uma nova realidade mercantil, em que se percebe a ascensão dos ideais burgueses. A economia de subsistência feudal é substituída pelas atividades comerciais; inicia-se uma retomada da cultura clássica, esquecida durante a maior parte da Idade Média; o pensamento teocêntrico é deixado de lado em favor do antropocentrismo. Fortalecimento da monarquia com a Revolução de Avis e comprometimento da burguesia mercantil. Desse compromisso resulta a expansão ultramarina portuguesa com a tomada de Ceuta, primeira conquista ultramarina de muitas outras.

Humanismo - Características

Culturalmente, a melhoria técnica da imprensa propiciou uma divulgação mais ampla e rápida do livro, democratizando um pouco o acesso a ele. O homem desse período passa a se interessar mais pelo saber, convivendo com a palavra escrita. Adquire novas idéias e outras culturas como a greco-latina.
Mas, sobretudo, o homem percebe-se capaz, importante e agente. Acreditando-se dotado de "livre arbítrio", isto é, capacidade de decisão sobre a própria vida, não mais determinada por Deus, afasta-se do teocentrismo, assumindo, lentamente, um comportamento baseado no antropocentrismo. Isto implica profundas transformações culturais. De uma postura religiosa e mística, o homem passa gradativamente a uma posição racionalista.
O Humanismo funcionará como um período de transição entre duas posturas. Por isso, a arte da época é marcada pela convivência de elementos espiritualistas (teocêntricos ) e terrenos ( antropocêntricos ) .

Classicismo - Introdução

Classicismo, ou Quinhentismo (século XV) é o nome dado ao período literário que surgiu na época do Renascimento (Europa séc. XV a XVI).
O Renascimento foi um importante movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores apregoados pelo pensamento medieval, o renascimento apresentou um novo conjunto de temas e interesses aos meios científicos e culturais de sua época.

Classicismo - Contexto Histórico

O Renascimento foi um movimento de renovação cultural - marcado pela passagem da tradição feudal para o mundo capitalista burguês e o reencontro com a cultura clássica greco-romana - que inaugurou a era moderna.
O contexto econômico é marcado pela Revolução Comercial e pelo crescimento da burguesia, impulsionado pelo comércio com o Oriente, que gerou o ressurgimento das cidades, a consolidação da vida urbana, a crescente circulação de moedas, a necessidade da mão-de-obra assalariada para o campo (com o aumento da produção agrícola) e o fim da servidão, acabando com a economia fechada e descentralizada do feudalismo.
A expansão marítima e a descoberta da América por Colombo (1492) fazem nascer o mercantilismo e o colonialismo. Houve um incentivo à ciência naval, intercâmbio comercial e crescimento cultural. As expedições oceânicas alargaram a visão do homem europeu, colocando-o em contato com povos de culturas diferentes (Universalismo).
O poder econômico da burguesia também teve reflexos no campo político, culminando com uma aliança rei-burguesia que acarretou o fortalecimento da monarquia com a centralização política e a formação dos Estados modernos.
As transformações político-econômicas têm reflexos diretos no poder da Igreja, culminando na Reforma e Contra-Reforma. A Reforma Protestante iniciou-se na Alemanha (1527), com as críticas de Martinho Lutero à prática religiosa da Igreja, que se afasta do princípio da salvação pela fé para vender indulgências. A Igreja Católica de Roma reagiu com a Contra-Reforma (também chamada de Reforma Católica).

Classicismo - Características

As principais características do classicismo são:

  1. Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da antiguidade: Homero, Virgílio, Ovídio, etc...
  2. Uso da mitologia: Os deuses e as musas, inspiradoras dos clássicos gregos e latinos a parecem também nos clássicos renascentistas: Os Lusíadas:(Vênus) = a deusa do amor; Marte( o deus da guerra), protegem os portugueses em suas conquistas marítimas.
  3. Predomínio da razão sobre os sentimentos: A linguagem clássica não é subjetiva nem impregnada de sentimentalismos e de figuras, porque procura coar, através da razão, todas os dados fornecidos pela natureza e, desta forma expressou verdades universais.
  4. Uso de uma linguagem sóbria, simples, sem excesso de figurasliterárias.
  5. Idealismo: O classicismo aborda o homem ideal, liberto de suas necessidades diárias, comuns. Os personagens centrais das epopéias (grandes poemas sobre grandes feitos e heróicos) nos são apresentados como seres superiores, verdadeiros semi-deuses, sem defeitos. Ex.: Vasco da Gama em os Lusíadas: é um ser dotados de virtudes extraordinárias, incapaz de cometer qualquer erro.
  6. Amor Platônico: Os poetas clássicos revivem a idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não-físico.
  7. Busca da universalidade e impessoalidade: A obra clássica torna-se a expressão de verdades universais, eternas e despreza o particular, o individual, aquilo que é relativo.

Classicismo - Principais Romancista e sua Obras


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Classicismo - Luís de Camões


Luís de Camões representa a síntese do Renascimento português e é o seu máximo expoente.

Na sua obra lírica destaca fortemente a cultura renascentista e a influência petrarquista. A poesia amorosa camoniana responderá aos tópicos da exaltação da mulher amada, mas constitui-se numa das mais profundas reflexões sobre o sentimento amoroso.

”Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamente descontente,
É dor que desatina sem doer.”

A natureza também constitui outro dos temas mais usuais, não só como lugar onde se desenvolve a ação mas como motivo em si próprio embora os cenários sejam totalmente artificiais e respondam somente a modelos estéticos. Devemos também referir a sua reflexão da sociedade portuguesa à que critica pelos seus vícios e os seus novos modelos de vida.

”Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”

Na épica, a obra mais importante é Os Lusíadas, a mais traduzida de toda a literatura portuguesa. Nesta obra conta-se a história de Portugal através de dez cantos onde o povo português é o principal protagonista, sendo consideradas as suas lusíadas, as suas façanhas, como superiores inclusive às dos modelos gregos e latinos. A temática fortemente vinculada ao momento em que foi escrita tem uma ideologia expansionista, guerreira e nobiliária, mas tem também como motivo principal a exaltação do esforço e do valor humano. Os Lusíadas tem também uma finalidade moralizante que é mostrada no fim de cada canto e onde se elogiam os valores próprios do Humanismo, como a onipotência do homem e do esforço humano e o valor da glória e da fama como recompensa.
Camões também cultivou o teatro mas não está à altura das demais criações.

Para mais imformações, visite nosso outro blog: Camões Lírico.